O repasse dos royalties creditado aos municípios produtores, na quinta-feira (22) (VEJA AQUI), apresenta variação positiva, ainda que impactado por fatores conjunturais que pressionaram o mercado de petróleo no mês de março. A redução no preço médio do barril, bem como a desvalorização cambial registrada no período, em comparação com fevereiro, não foram suficientes para derrubar o aumento da produção, impulsionado pela diferença de dias úteis entre os dois meses — março, com três dias a mais, proporcionou elevação nos volumes produzidos e, consequentemente, no cálculo dos repasses. Apesar deste resultado momentaneamente favorável, o cenário global segue marcado por elevada volatilidade.
A cotação do petróleo, que se mantinha acima dos US$ 70 até março, sofreu uma queda expressiva, atingindo o patamar de US$ 60 no mês de abril, permanecendo até o presente momento oscilando entre US$ 60 e US$ 66. Esse comportamento reflete uma combinação de fatores e conjunturais no mercado internacional: Aumento da produção pela OPEP+; Possível retomada das exportações iranianas, mediante avanço nas negociações internacionais; Adoção de medidas tarifárias por parte dos Estados Unidos, afetando cadeias globais; Desaceleração da demanda, sobretudo na China e em outros mercados estratégicos; Incertezas macroeconômicas com repercussão direta sobre mercado de energia.
Diante desse contexto, os repasses acumulados em 2025 têm se mostrado aquém das expectativas, tanto na comparação com o mesmo período de 2024 quanto em relação às projeções orçamentárias elaboradas para este exercício fiscal. O impacto é deve ser mais severo para os municípios da região Norte Fluminense, tradicionalmente dependentes das receitas oriundas da exploração de petróleo.
Para o mês de junho, a perspectiva indica uma tendência de redução mais acentuada, especialmente para os municípios de Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras, em decorrência da interdição da plataforma P-53 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), fato que compromete parte significativa da produção local. Diante do cenário desafiador, torna-se imprescindível a adoção de medidas responsáveis de gestão pública, com contenção de despesas, revisão de compromissos e readequação dos planos de investimento, a fim de preservar o equilíbrio das contas municipais, como já falado. anteriormente.
Ressalta-se ainda que os investimentos planejados pela Petrobras para a revitalização da Bacia de Campos podem ser revistos, caso persista a atual conjuntura adversa no mercado global de petróleo. Por fim, reforço a necessidade de uma atuação institucional vigilante, tanto no acompanhamento da dinâmica dos mercados internacionais quanto na articulação política em Brasília, frente a movimentação da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) que tem em pauta, a distribuição tanto dos Royalties como Participações Especiais, receitas essenciais para o Estado do Rio e para toda região norte fluminense.
Autor: Wellington Abreu, Superintendente de Petróleo e Gás de São João da Barra